domingo, março 25, 2007

Soluções institucionais

O professor Douglass North, prêmio Nobel em economia no ano de 1993, esteve no Brasil em 2006. Li Institutions, Institutional Change and Economic Performance, de 1990, e não pude deixar de pensar em suas implicações para o caso brasileiro.

A motivação de North, como ele descreve nesse livro, é desenvolver um modelo analítico para integrar a análise institucional à economia e à história econômica, através do estudo da natureza das instituições e de suas conseqüências econômicas, para investigar as diferenças entre os desempenhos de diversas economias no tempo.

Os principais elementos subsidiários da idéia central são os conceitos de instituição, incerteza e de custos de transação. As instituições são as regras do jogo na sociedade, que estruturam incentivos para as trocas entre os agentes, sejam políticas, sociais ou econômicas. As mudanças institucionais dão forma à evolução das sociedades, por isso são determinantes no processo histórico. North introduz o conceito de incerteza nas premissas neoclássicas relativas ao comportamento humano. Argumenta que os indivíduos agem com base em informações incompletas, em modelos subjetivos da realidade, de forma que seu comportamento é mais complexo do que a simples maximização de riqueza individual. O conceito de custo de transação tem origem no trabalho de Ronald Coase, mais um Nobel. Para North, trata-se do custo de não conhecermos os atributos do objeto de troca, como não sabemos, por exemplo, tudo sobre a indústria têxtil quando compramos uma camisa; e do custo da garantia dos direitos de propriedade sobre o objeto, da certeza do cumprimento do contrato de troca. A idéia central é a de que as instituições reduzem as incertezas, estabelecendo uma estrutura estável para a interação dos agentes, com custos de transação reduzidos, favorecendo o desempenho econômico.

Acredito que o aprimoramento institucional é um ponto de alavancagem, uma pedra angular para a solução de diversos de nossos problemas econômicos. Com a estabilidade das regras e a garantia de que os contratos serão cumpridos, reduziremos incertezas e custos de transação, estimulando empreendedorismo e inovação, motores do desenvolvimento econômico. Disse que "acredito", mas pretendo transformar esta crença em proposição, me aprofundando no assunto e estudando suas consequências para a dimensão política, além da econômica, em busca de soluções institucionais.

sábado, março 17, 2007

La razón latino-americana

Enquanto os latino-americanos perdem "La Razón", ameaçada de virar estatal, os chineses entendem que é por meio da propriedade que abandonamos o estado de natureza e formamos a sociedade civil. A propriedade é a representação concreta dos direitos, a liberdade é o compromisso com a responsabilidade dos deveres. O comunismo chinês ensaia abrir as comportas do primeiro. O socialismo chavista do século XXI é a negação de ambos.

A foto não é de La Paz. É Hong Kong.

quarta-feira, março 07, 2007

Mini Earthquakes, Warning Crack, Lions & Bulls.

De Martin Wolf, no Financial Times, sobre a volatilidade do mercado nos últimos dias:

"É muito melhor, como os naturais de São Francisco devem saber, sofrer uma série de pequenos terremotos, do que um longo período de calmaria seguido de um enorme movimento de terra".

Na mesma edição, nesse vídeo, George Soros fala muito melhor sobre mercado financeiro do que sobre política.

Para ficar na crista da onda, venho acompanhando o Marketbeat, do Wall Street Journal. Só acompanhando, é claro. Afinal, nosso Leão não deixa nada para o Touro aí do lado.

domingo, março 04, 2007

Vendo meu voto por segurança pública

Somos responsáveis pela legitimidade concedida ao Estado, por meio do processo democrático, para o uso do monopólio da violência. Em palavras menos sociológicas, elegemos governos para sermos protegidos de nós mesmos. Portanto, a segurança dos cidadãos deve ser sempre matéria prioritária, tanto na elaboração das leis quanto na alocação dos recursos necessários para que elas sejam cumpridas.

Para combater a violência é preciso extirpar a impunidade de nossa sociedade, impetuosamente. Concordamos com isso, é lugar comum. Mas quando nos atinamos da etimologia de “impunidade”, e entendemos que será necessário punir o criminoso severamente, como se faz no primeiro mundo, caímos na relatividade da reabilitação, da ressocialização, do debate sobre direitos, inclusão social e toda aquela cantilena do mundo medíocre em retrocesso. O Riobodycount (inspirado no Iraqbodycount) publica hoje a marca de 271 mortos e 150 feridos, desde 1º de fevereiro de 2007. Mais uma idéia interessante que não consegue deixar de se corromper requerendo “inclusão social”.

O Governador Sérgio Cabral me surpreendeu positivamente com a proposta federalista sobre a legislação. Vendo meu voto por uma proposta ultra-federalista, com polícia unificada estadual. Não tenho dúvidas de que teríamos melhores serviços por menos impostos.

E eu também acho isso e isso.