sexta-feira, maio 30, 2008

A Singularidade de Max Weber

A contribuição de Max Weber para a sociologia política é monumental, desde suas questões sobre a racionalidade, base de sua teoria do conhecimento, até sua sociologia da religião. Sua obra contém um conjunto de conceitos e um método de investigação próprio que influenciaram como poucos as ciências sociais.

Mais do que um tema epistemológico, a racionalidade é uma das preocupações centrais de Weber, um elemento científico e burocrático que permeia as instituições humanas, que ele procura investigar sem perder de vista a singularidade de cada sociedade, de cada objeto empírico. Assim como Tocqueville, Weber adota uma concepção de história que considera o papel dos indivíduos e dos acidentes, em um processo cujo futuro não está predeterminado. Uma concepção que atribui à ação humana o poder de forjar a história, sobretudo ao homem político.

segunda-feira, maio 26, 2008

A Democracia na América, o Antigo Regime e a Revolução

Em sua investigação a respeito da Democracia na América, Tocqueville argumenta que as verdadeiras causas da liberdade da democracia americana são suas boas leis e, mais ainda, seus hábitos, costumes e crenças. O autor observa que a constituição federativa, o sistema bicameral e a instituição da presidência contribuem para o êxito da organização política nos Estados Unidos. Ele destaca, ainda, a importância da pluralidade partidária e da liberdade de imprensa em um processo político caracterizado mais pela disputa de interesses do que por convicções ideológicas, e reconhece um espírito cívico, legalista e associativo, por meio do qual os indivíduos estabelecem suas relações. Esse espírito está fundamentado nos costumes e crenças daquele povo, cujo fator decisivo é a religião. Conforme destaca Raymond Aron, Tocqueville conclui que “a sociedade americana soube unir o espírito de religião ao espírito de liberdade”.

Diante da consolidação democrática, Tocqueville tentava compreender as causas da força da liberdade na sociedade americana, e da sua fraqueza na França do século XVIII. Seu ponto de partida em O Antigo Regime e a Revolução reside nas constatações de que a destruição da aristocracia era inevitável, e de que sem ela o despotismo encontraria menos resistência e os vícios humanos seriam exacerbados. Para Tocqueville, os homens de uma sociedade sem exemplo aristocrático “tendem a cuidar apenas de seus interesses particulares, a não verem mais que a si próprios e a retraírem-se num individualismo estreito onde toda virtude cívica se desvanece”. Trata-se de uma sociedade instável, sem vínculos de classe, casta, corporação ou família, na qual todos vivem o temor de descer e a ânsia de subir constantemente. Para Tocqueville, os indivíduos se revoltam com a percepção de grandes diferenças injustificáveis relativas à mobilidade social, e não apenas pela miserabilidade.

O aristocrata fracês identificou que Revolução Francesa emergiu da destruição das instituições do Antigo Regime: a nobreza se encontrava isolada; o poder estava concentrado em Paris, extinguindo as liberdades provinciais; a vida política estava extinta. Nesse contexto, na ausência de instituições livres, de corpos políticos vivos e partidos organizados, a Revolução foi conduzida menos pelos fatos particulares que segundo “princípios abstratos e teorias gerais” dos filósofos. Um movimento preparado pelos intelectuais e executado pela massa inculta e rude, cuja força motriz foi o conflito entre duas paixões: igualdade e liberdade.

sexta-feira, maio 09, 2008

A indagação de Tocqueville

Vale contextualizar Tocqueville, sem reduzir seu pensamento, para a compreensão de sua forma de ver o mundo, dos temas e questões que elege, assim como da teoria política que elabora. Ele foi um nobre e um magistrado francês que viveu e observou a consolidação dos princípios da Revolução Francesa. Essa experiência lhe atribuiu sua reflexão central, a da vitória do princípio democrático sobre o aristocrático, que ele explora preocupado com a viabilidade da manutenção dos valores da liberdade diante da marcha da igualdade.

Seguidor de Montesquieu, Tocqueville também é influenciado pela teoria do conhecimento dos filósofos ingleses, por um método baseado na observação do dado histórico. Por meio de uma investigação comparativa e da abstração da sociedade democrática como tipo ideal, ele se debruça sobre a inexorabilidade da destruição da aristocracia pela força democrática, o que considera um fato, questionando, como se perguntava Montesquieu, como frear o despotismo sem o exemplo e sem o amor à liberdade da aristocracia.

Não se trata de determinismo histórico, pelo contrário, a concepção de história de Tocqueville é composta pelo acaso e por dilemas com os quais os homens se deparam. A relação que investiga, entre os princípios políticos e a organização política da sociedade, não é necessária, mas um dilema imposto pelas circunstâncias. Ambos os pensadores franceses foram capazes de compreender uma dinâmica entre a ação humana e os princípios que a regem. Os fatores que formam o “espírito geral” que governa os homens são influenciados por estes mesmos homens, assim como as “leis e costumes” e os acidentes que regulam a conduta das nações também são modificados pelo estado social.

Tocqueville, Max Weber e Schumpeter

A seguir, faremos mais um exercício intelectual. Vou apresentar, em resumo, a teoria do conhecimento e a teoria política de três influentes pensadores políticos: Tocqueville, Max Weber e Schumpeter.

Se você não se interessa, volte dentro de três semanas.