domingo, julho 23, 2006

Vida longa às nossas famílias!

A preservação da paz e da justiça, que é o fim em vista do qual todos os Estados são instituídos*, é possível através da união que acordamos acerca de uma lei estabelecida comum e uma judicatura à qual apelar, com autoridade para decidir sobre as controvérsias que ameacem nossa propriedade, isto é, nossa vida, liberdade e bens**.

O desvio de finalidade que observamos hoje é evidente. Candidaturas em todas as esferas de Governo propõe tudo, exceto paz e justiça. A primeira está apenas negligenciada, porque é produto da segurança pública. A segunda é considerada um “problema estrutural”. O “problema estrutural” é a maior falácia depois da “questão social”. São típicos termos cunhados com o propósito de compor discursos pré-fabricados, recursos de retórica, que, por conterem abstrações indefinidas, com cinco minutos de debate querem dizer nada. Seria melhor se a reflexão fosse sobre desemprego, por exemplo, ao invés de “questão social”. E impunidade, ao invés de “problema estrutural”.

São de senso comum certas preocupações com emprego, educação, saúde, entre outros setores que, de uma forma ou de outra, podem ser equacionados pelo setor privado. Ora, quem gera emprego são as empresas, não o Governo. Os problemas que originaram o Estado, de que eleições e candidatos não passam de efeitos colaterais, ou melhor, reações adversas, não são estes, mas aqueles que tocam nossa paz, justiça e propriedade (lato sensu).

Da próxima vez que aparecer um candidato falando sobre “geração de emprego” vou declarar independência e instituir uma monarquia absolutista. Exportarei serviços e importarei frutas frescas, não haverá súditos e nem impostos. Então, sentarei na varanda com minha rainha e minha princesa, ao redor de uma finíssima mesa de chá, desejarei "vida longa às nossas famílias" e discutiremos o Impressionismo francês enquanto limpo meu rifle.

* Trecho com base em Thomas Hobbes (Inglaterra, 1588-1679), capítulo XVIII do Leviatã.
** Trecho com base em John Locke (Inglaterra, 1632-1704), capítulo VII do Segundo Tratado sobre o Governo Civil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem alguém querendo ir para a Serra do Corvo Branco.