sábado, janeiro 20, 2007

Rural Willys em Desenvolvimento

Franderland é um advogado talentoso, casado, três filhos, um carro para cada e uma mansão no bairro mais nobre da cidade. Gaetano é professor de uma universidade federal, solteiro, e adora fazer estilo com seu colete de fotógrafo e sua Rural Willys 1968. Ele só sai com ela nos fins de semana, meio bêbado, depois das palavras cruzadas do caderno de amenidades de seu jornal preferido. Eles se conheceram subitamente, em um cruzamento.

Os familiares do advogado apareceram logo, cada um com seu carro, e ficaram aliviados quando viram que a Mercedes do papai, ao contrário da Rural, estava intacta. O professor Gaê ficou muito irritado com tamanha injustiça social:
- Seu almofadinha-pequeno-burguês-neoliberal-capitalista! Não sabe dirigir?! Provocou, abestado.
- Calma. O seguro vai pagar. Disse o abastado.

Gaê decidiu dar uma lição de moral naquela família alienada, e começou a se dirigir ao filho mais novo, que usava uma camisa com a estampa ”Kyoto Protocol”, só para parecer cult e pegar as meninas da faculdade.
- Rapaz, por que cada um sair com um carro? Você não sabe que a terra está entrando em colapso climático por causa da emissão de gases?
Foi quando Franderland resolveu que aquilo já estava passando dos limites:
- Sua Rural Willys emite mais gases do que todo metano entérico produzido pela flatulência do rebanho do país inteiro por hora! Antes de falar o que eu tenho que fazer na minha casa, faça na sua!

No mesmo dia a ONU contratou centenas de burocratas. E o professor foi fumar maconha com seus alunos para discutirem geopolítica e segurança energética, sob uma ótica marxista-leninista. Depois desse dia, teve gente que declinou do Protocolo de Kyoto para fazer coisa melhor, e o escritório de Fran começou a negociar créditos de carbono na bolsa de Chicago.

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