segunda-feira, setembro 18, 2006

Não volta à boca a palavra pronunciada


Não volta à boca a palavra pronunciada. Risca no ar sua trajetória em forma de arco, e cai como uma flecha lancinante no peito de quem de direito.

Bento XVI sabe o que disse, de sua terra natal para o mundo, e disse com a propriedade de quem carrega a pesada história da espada do Cristianismo. Todos esperam mais uma atitude política de conciliação, a ser celebrada em uma grande festa ecumênica, onde o conflito seja esquecido e o impasse seja evitado. Mas não é dos conflitos que surgem os debates, e nos debates que o pensamento evolui? Não é nos impasses que os paradigmas são quebrados? O problema é que estamos acostumados com os lugares comuns, com o eterno e infalível caminho do meio, com a mesma resposta superficial para todas as questões. Não paramos para refletir sobre os princípios e não queremos debatê-los. Nada vale o gosto amargo de uma discussão atravessada na garganta. No entanto, a falta de compromisso com princípios nos submete à imposição da vontade alheia.

Quero interpretar o discurso de Sua Santidade, com seu exemplo bizantino, como um apelo aos povos do ocidente que observam apáticos o diálogo perdendo espaço para a imposição violenta da vontade. Não matarás.

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