sexta-feira, março 28, 2008

"Just tango on"



Donna:
"- Eu acho que ficaria com um pouco de medo..."

Frank:
"- De quê?"

Donna:
"- Com medo de cometer algum erro."

Frank:
"- Não há erros no Tango. Não é como a vida."

"Creo que con el tiempo mereceremos no tener gobiernos"

Jorge Luis Borges

O novo panelaço portenho é liberal, pois é contra o aumento arbitrário de impostos. Assim como foi em 2001, quando todos se levantaram contra o abuso do governo no congelamento de depósitos bancários. Ao contrário do que acontecia no Brasil, os argentinos não foram às ruas pedir o calote da dívida contra a hegemonia norte-americana.

Se o chamado "consenso de Washington" preconizava a disciplina fiscal e o câmbio competitivo, é mesmo errado considerar a crise argentina de 2001, causada pela moratória da dívida e pela sobrevalorização do Peso, como o "réquiem do neoliberalismo".

Gosto da Argentina, de sua cultura e dos argentinos que conheci. E adoro Tango, porque é tudo sobre liberdade.

terça-feira, março 18, 2008

O Beta do J.P.

"The essential problem is that our models – both risk models and econometric models – as complex as they have become, are still too simple to capture the full array of governing variables that drive global economic reality."
Alan Greenspan, em artigo no Financial Times, lamenta que nunca teremos modelos de risco capazes de antecipar crises econômicas. Mas modelos não servem para fazer previsões. A finalidade do processo de planejamento é preparar as pessoas, simulando cenários, para que tomem melhores decisões quando os problemas aparecem. Parece que o J.P. Morgan sabe disso desde 1907.

segunda-feira, março 10, 2008

Temos que endurecer. Sem ternura.



Enquanto o "governo sub-imperialista da Colômbia" festeja a morte de Raúl Reyes, Chávez "rende tributo a um bom revolucionário". Há evidências, mais do que indícios, nos discursos e ações de Correa e Chávez de apoio aos criminosos das FARC. Se a diplomacia brasileira quer separar os problemas, tudo bem. A invasão do território do Equador pela operação colombiana já foi perdoada, apesar do teatro de fantoches. Mas agora já não podemos manter o silêncio a respeito do narcotráfico. Acho um absurdo transparecermos neutralidade em um assunto de segurança nacional como esse, pois sabemos das ligações das FARC com o crime organizado no Brasil.

Acho que a linguagem diplomática deve endurecer, encerrando esse devaneio anacrônico de revolução "guevarista". Mas, como alertou Alberto Dines, no Observatório da Imprensa, até a linguagem jornalística vem seqüestrando o sentido das palavras:

"A imprensa brasileira capitulou às exigências da FARC e continua designando como "guerrilheiros" os terroristas que seqüestram inocentes e fazem chantagem com vidas humanas. Os dramáticos relatos dos quatro parlamentares colombianos liberados pelas FARC na quarta-feira sobre as condições de vida dos demais reféns na selva revelam barbaridades só comparáveis às cometidas pelos nazi-fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, nossos editores não se comovem nem se indignam e insistem em classificar aqueles que perpetram tais barbaridades como "guerrilheiros". A guerrilha não é moralmente condenável, não é crime, é uma forma de guerra não-convencional. Os maquis franceses eram guerrilheiros, assim também os partisans da Europa oriental e os partigiani italianos. Seus alvos eram as forças inimigas, não atacavam nem seqüestravam civis. As FARC há muito abandonaram a guerrilha, já não conseguem travar combates, fazem apenas terrorismo e terrorismo, por definição, é o emprego sistemático da violência contra inocentes para fins políticos. A libertação dos reféns na quarta-feira não foi ato humanitário, mas chantagem. Jornalistas não podem oferecer os seus leitores com conceitos enganosos, jornalistas não deveriam seqüestrar o sentido das palavras."