segunda-feira, março 10, 2008

Temos que endurecer. Sem ternura.



Enquanto o "governo sub-imperialista da Colômbia" festeja a morte de Raúl Reyes, Chávez "rende tributo a um bom revolucionário". Há evidências, mais do que indícios, nos discursos e ações de Correa e Chávez de apoio aos criminosos das FARC. Se a diplomacia brasileira quer separar os problemas, tudo bem. A invasão do território do Equador pela operação colombiana já foi perdoada, apesar do teatro de fantoches. Mas agora já não podemos manter o silêncio a respeito do narcotráfico. Acho um absurdo transparecermos neutralidade em um assunto de segurança nacional como esse, pois sabemos das ligações das FARC com o crime organizado no Brasil.

Acho que a linguagem diplomática deve endurecer, encerrando esse devaneio anacrônico de revolução "guevarista". Mas, como alertou Alberto Dines, no Observatório da Imprensa, até a linguagem jornalística vem seqüestrando o sentido das palavras:

"A imprensa brasileira capitulou às exigências da FARC e continua designando como "guerrilheiros" os terroristas que seqüestram inocentes e fazem chantagem com vidas humanas. Os dramáticos relatos dos quatro parlamentares colombianos liberados pelas FARC na quarta-feira sobre as condições de vida dos demais reféns na selva revelam barbaridades só comparáveis às cometidas pelos nazi-fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo assim, nossos editores não se comovem nem se indignam e insistem em classificar aqueles que perpetram tais barbaridades como "guerrilheiros". A guerrilha não é moralmente condenável, não é crime, é uma forma de guerra não-convencional. Os maquis franceses eram guerrilheiros, assim também os partisans da Europa oriental e os partigiani italianos. Seus alvos eram as forças inimigas, não atacavam nem seqüestravam civis. As FARC há muito abandonaram a guerrilha, já não conseguem travar combates, fazem apenas terrorismo e terrorismo, por definição, é o emprego sistemático da violência contra inocentes para fins políticos. A libertação dos reféns na quarta-feira não foi ato humanitário, mas chantagem. Jornalistas não podem oferecer os seus leitores com conceitos enganosos, jornalistas não deveriam seqüestrar o sentido das palavras."

Nenhum comentário: