domingo, janeiro 06, 2008

Invasões Bárbaras

Eu costumava incluir o patrimônio histórico no rol de bens públicos. Estava disposto a pagar impostos para que o Estado sustentasse, por exemplo, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda que ineficiência e corrupção fossem altos custos a serem pagos, a natureza do processo de "destruição criativa" capitalista não parecia convergir com meus espamos de conservadorismo. Respeito, admiro e gosto de conhecer a história e seus atores.

No entanto, estive em Petrópolis recentemente e estou, desde então, procurando palavras que descrevam o que senti na Sala de Música do Museu Imperial, uma de minhas preferidas. Eu fiquei consternado diante de uma cena grotesca: decoravam a raríssima espineta, a harpa dourada e o pianoforte de D. Pedro I, um painel de favelas, ao fundo, e um aflitivo funk carioca, pairando no ar. A Funarte está promovendo uma dessas coisas contemporâneas, que para mim pareceram invasões bárbaras nos aposentos da família imperial.

[Fico tão chateado que perco a vontade de escrever piadas com mouros e morros, ou mesmo com Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense.]

Ineficiência e corrupção são falhas recorrentes na administração pública. Mau gosto é sinal da falta de uma velha e boa aristocracia no comando.

2 comentários:

Gebara e Filartiga Arquitetos disse...

Estive lá com você e também fui testemunha dessa "invasão". Respeito a arte contemporânea, e não questiono as instalações em sí. Mas acho que tudo tem o seu lugar. A necessidade de ser "perturbador" pode ter descambado para o "inconveniente".
Abraços.
Beto

Gabriel Filártiga disse...

Fala Beto!
É isso mesmo, tudo tem seu lugar.
Até logo,
Gabriel.