quinta-feira, janeiro 11, 2007

Escolho, logo existo.

São recorrentes, nos meandros do poder, os petulantes monopólios da sabedoria e da correção moral. Os déspotas se consideram juízes supremos, os tiranos usurpam o poder para tomar as rédeas da história. Onde há homens, haverá soberba. Foi pela liberdade que Robespierre prometeu “fundar o império da sabedoria, da justiça e da virtude”.

Uma vez levado ao timão pelos tripulantes, o líder visionário se alimenta de populismo e faz crescer seus tentáculos. De animador de auditório, torna-se um ditador intransigente. Negligencia a preservação da liberdade, da vida e dos bens, direcionando sua energia para o controle. Encampa a propriedade, censura o pensamento divergente e abandona aqueles que não o seguem, em nome de pretensas doutrinas. Sempre considera que carrega consigo a visão da perfectibilidade humana, do certo e do errado por decreto. “Pátria, socialismo ou morte”, é um de seus juramentos. Outro, é o de não mais deixar o poder.

Esse “socialismo do século XXI” é antiético. Pois, se a ética lida com possibilidades, com escolhas, o livre-arbítrio é sua gênese. O homem escolhe, logo existe. Sacrificar a escolha individual no altar da perfeição infalível é escolher um mundo onde a experiência moral perdeu o sentido*. Ecoam, na América Latina, os equívocos intelectuais de Marx e Lênin. Que não ecoem, novamente neste ano, na Vila Isabel nem na Marquês de Sapucaí.

* Eduardo Giannetti da Fonseca. Vícios Privados, Benefícios públicos?

Nenhum comentário: