"Rationality will not save us"
Acabei de assistir ao excelente documentário "Sob a Névoa da Guerra": uma entrevista admirável, sincera e contundente com Robert McNamara, o Secretário de Defesa de John Kennedy e Lyndon Johnson. Trata-se de uma seqüência de 11 lições de uma vida marcada pela guerra, desde 1916, de um homem que escreveu parte da história da Cold War.
Apesar de ter passado 7 anos no comando da Guerra do Vietnã, acho que a principal lição que McNamara aprendeu foi a da Crise dos Mísseis em Cuba, a de #2: Rationality will not save us. Formado na tradição racional, matemática, obsessivo na maximização da eficiência, ele admite que a solução da crise foi um golpe de sorte.
A URSS enviou 2 mensagens ao Pentágono, uma suave e outra ameaçadora. A ambigüidade, vale dizer, é um importente recurso de dissuasão. O ex-embaixador dos EUA em Moscou, com base em sua relação pessoal com Kruschev, concluiu que a primeira era a do líder soviético, e a segunda uma provocação dos belicistas linha-dura. Kennedy enviou uma resposta para aquela de tom suave.
McNamara ressalta que, apesar de Kennedy, Kruschev e Fidel serem agentes racionais, a racionalidade tem limites na guerra, e aquela crise poderia ter seguido um rumo fatal. Fidel confirmou isto a ele, pessoalmente, depois. Racionalidade, em tempo de guerra, pode ser somente body count.
Vou escrever, em seguida, sobre os limites e aplicações da Teoria da Escolha Racional, ou Rational Choice.