A República, Livro VIII: como a Democracia se degenera em Tirania.
"Sócrates - Quando o protetor do povo, encontrando-o inteiramente submisso (...) o arrasta à barra dos tribunais e o faz perecer em suplícios; quando ele próprio (...) mata uns, desterra outros, propondo depois à multidão a abolição das dívidas e nova distribuição das terras, não se lhe torna, então, inevitável como uma lei do destino perecer às mãos de seus inimigos ou tornar-se tirano?
Adimanto - Inevitável, sem dúvida.
Sócrates - Ei-lo, pois, em guerra aberta com os opulentos e afazendados (...) E se, expulso da cidade, a ela retorna apesar de seus inimigos, não é certo que volta com todo o aparato de tirano consumado? É então que, se os ricos não conseguem expulsá-lo ou fazê-lo condenar à morte, armam-lhe ciladas para lhe tirar secretamente a vida pela violência.
Adimanto - Isso sempre acontece.
Sócrates - É então que se dá o caso de recorrer à famosa petição em que um ambicioso, reduzido a tais extremos, pede ao povo uma escolha a fim de garantir a segurança pessoal do protetor do Estado. (...) E povo lhe dá o que pede, temendo pela segurança do protetor e mui seguro de si mesmo."
Estava escrita, há milênios, a história recente da Venezuela de Chávez.
Espero que Platão não venha passear no Brasil.