segunda-feira, janeiro 21, 2008

O meu sem açúcar, por favor.


"Nós não queremos aumentar imposto, mas vamos aumentar a eficiência da arrecadação. Tem muita gente que não paga imposto e ainda se queixa que o imposto é alto. Então o que nós queremos é que todos paguem, porque, quando todos pagarem, aí todos podem pagar menos."
No café, foi apresentado um raciocínio que demonstra como estamos no caminho errado, mais uma vez, para resolvermos nosso problema tributário. Quando todos pagarem menos, é que todos poderão pagar, e não o contrário. Alíquotas muito altas são contraproducentes, tanto para a arrecadação quanto para a economia, pois causam evasão fiscal e, combinadas com a complexidade administrativa e legal, dificultam a operacionalização da cobrança dos tributos, desestimulando o desenvolvimento de atividades formais.

Precisamos conhecer a Curva de Lafer: há um ponto máximo a partir do qual novos aumentos de alíquota resultam em sonegação. Se a alíquota for de 100%, a arrecadação será igual a zero.
Com esse discurso, chegaremos lá.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

"O Brasil está ficando mais capitalista"


Armínio Fraga deu uma aula para Míriam Leitão, em setembro de 2007, abordando os reflexos da crise dos EUA e analisando aspectos da economia brasileira.

Sobre a crise:
"O pior cenário seria uma recessão [nos EUA], de 2 ou 3 trimestres,
não muito profunda, se os Bancos Centrais agirem a tempo. "

Ele acha que haverá um vale, mas a economia mundial vai aguentar bem o tranco. A China deixará de crescer 12 % ao ano, para crescer 10% ou 9%, enquanto o Brasil cairá de 4,5% para 3,5%. Preocupante no curtíssimo prazo, nem tanto para daqui a um ano.

Falando sobre seus investimentos no setor real da economia:
"Vão muito bem. Esses têm um prazo mais longo."

Finalizando com uma assertiva sociológica:
"Uma coisa boa que eu vejo no Brasil hoje, que acontece um pouco de
forma espontânea, quase a despeito do governo, é que o país está ficando mais
capitalista. Isso é muito bom, casa com a nossa cultura, de empreender, de
criar, de fazer as coisas. O que o brasileiro não tinha era acesso ao
capital."


A probabilidade é de 50%, segundo o ex-FED Alan Greenspan, de que as próximas colunas não apareçam no gráfico acima. Armínio acha que elas voltarão logo. Se o Brasil estiver mesmo ficando mais capitalista, acho que não teremos problemas, a despeito do governo.

domingo, janeiro 06, 2008

Invasões Bárbaras

Eu costumava incluir o patrimônio histórico no rol de bens públicos. Estava disposto a pagar impostos para que o Estado sustentasse, por exemplo, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda que ineficiência e corrupção fossem altos custos a serem pagos, a natureza do processo de "destruição criativa" capitalista não parecia convergir com meus espamos de conservadorismo. Respeito, admiro e gosto de conhecer a história e seus atores.

No entanto, estive em Petrópolis recentemente e estou, desde então, procurando palavras que descrevam o que senti na Sala de Música do Museu Imperial, uma de minhas preferidas. Eu fiquei consternado diante de uma cena grotesca: decoravam a raríssima espineta, a harpa dourada e o pianoforte de D. Pedro I, um painel de favelas, ao fundo, e um aflitivo funk carioca, pairando no ar. A Funarte está promovendo uma dessas coisas contemporâneas, que para mim pareceram invasões bárbaras nos aposentos da família imperial.

[Fico tão chateado que perco a vontade de escrever piadas com mouros e morros, ou mesmo com Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense.]

Ineficiência e corrupção são falhas recorrentes na administração pública. Mau gosto é sinal da falta de uma velha e boa aristocracia no comando.